18 de fevereiro de 2016

Resenha | O Sorriso da Hiena - Gustavo Ávila

Autor: Gustavo Ávila

Número de páginas: 304

Ano: 2015

Publicação independente

Skoob: AQUI
Sinopse: Atormentado por achar que não faz o suficiente para tornar o mundo um lugar melhor, William, um respeitável psicólogo infantil, tem a chance de realizar um estudo que pode ajudar a entender o desenvolvimento da maldade humana. Porém, a proposta feita pelo misterioso David coloca o psicólogo diante de um complexo dilema moral.

Para saber se é uma pessoa má por ter presenciado o brutal assassinato dos seus pais quando tinha apenas oito anos, David planeja repetir com outras famílias o mesmo que aconteceu com a dele, dando a William a chance de acompanhar o crescimento das crianças órfãs e descobrir a influência desse trauma na vida delas.

Até onde ele será capaz de ir? É possível justificar um ato de crueldade quando, por trás dele, há a intenção de fazer o bem?

 

 — Eu não quero fazer um curativo no dedo, eu quero…tirar o corte da faca. 

A história já começa eletrizante. David, na época com oito anos, é amarrado a uma cadeira e obrigado a assistir ao assassinato brutal dos pais. Após esse episódio, David teve uma infância difícil, chegando a frequentar um reformatório infantil. Agora, vinte e quatro anos depois, ele resolve começar a repetir com outras famílias aquilo que foi feito com a dele, ou seja, ele começa a assassinar casais, pais de crianças de oito anos, e obriga essas crianças a assistirem tamanha atrocidade.

Sua intenção é descobrir o que vai acontecer com elas quando crescerem. Será que elas se tornarão pessoas de bem? Ou será que se tornarão a mesma coisa que ele é? Será que ele é do jeito que é devido ao que presenciou quando tinha oito anos? Ou será que ele se tornaria o que é independentemente do que aconteceu?

A criança olhou para baixo, acompanhando o movimento da sombra que se projetava atrás dele e ganhava tamanho no chão enquanto se movia lentamente em direção aos pais. Agora, além do choro abafado pelas mordaças, o som repetitivo de um alicate de metal ganhava volume, abrindo e fechando, abrindo e fechando, irritante como uma torneira pingando na pia de alumínio.

Para responder a essas e outras dezenas de perguntas, David entra em contato com William, um renomado psicólogo infantil que almeja fazer a diferença no mundo. Sua tese de doutorado chamada “Como se tornam adultos” fez com que ele ficasse famoso no mundo acadêmico. Nessa tese, William estudou qual era a relevância dos eventos violentos na vida de uma criança e em qual grau isso afetava o caráter dos adultos que elas viriam a se tornar um dia. Mas a sua tese, apesar de espetacular, só tinha teoria. Ela não fora testada na prática. E é aí que David entra.

Tendo conhecimento da tese de William e sabendo que o psicólogo sente-se frustrado, David diz que vai dar a William aquilo que faltava para completar seu estudo: as pessoas a serem analisadas. David diz a William que vai repetir com cinco crianças a mesma coisa que aconteceu com ele, então William poderá acompanhar o crescimento delas e verá o tipo de impacto que isso causará! 😮

A proposta de David era cruel e ele nunca havia imaginado compactuar com algo assim, mas por alguma razão não conseguia deixar de pensar que poderia realmente tirar algo de bom disso. Se ele iria continuar matando, como disse, por que não usar o mal para fazer o bem?

Quando os assassinatos começam a acontecer, entra em cena Artur, um detetive muito competente, dono uma personalidade muito peculiar. Portador da Síndrome de Asperger, Artur tende a ser sincero demais, sagaz demais e sociável de menos. Com um faro implacável, Artur começa a unir as várias peças desse quebra-cabeça, entretanto, a medida que os assassinatos vão acontecendo, Artur tem que correr contra o tempo para desvendar a identidade do assassino.

— O mal nada mais é do que um buraco que quer desesperadamente ser preenchido, detetive. Se a sua teoria estiver correta, se ele está realmente fazendo um estudo, três casos são poucos para uma comparação. É melhor você se apressar, porque quem está fazendo isso irá matar mais.

••••••••••

O Sorriso da Hiena é genial. Não há outra palavra que possa descrever essa história. Eu visito muitos blogs, mas curiosamente foi no Instagram que conheci o livro. Gustavo criou uma história de tirar o fôlego. O livro já começa com o assassinato dos pais de David – e não, isso não é spoiler, está na própria sinopse – e depois já mostra David em ação, dando início ao seu plano maquiavélico.

Eu adoro livros policiais, assim como adoro thrillers psicológicos, e O Sorriso da Hiena é ambos! Apesar de ser narrado em terceira pessoa, tipo de narrativa que está longe de ser minha favorita, nós conseguimos mergulhar em cada página, como se estivéssemos lendo o livro pela perspectiva dos próprios personagens.

O modo como David escolhe as vítimas para seus ataques é interessante. Essa escolha não é nada aleatória. Ele realmente trata o assunto como uma experiência. Ele escolhe pessoas de diferentes classes sociais, diferentes opções sexuais, diferentes regiões... a constante é sempre a mesma, a criança de oito anos, mas as variáveis sempre mudam! Ao longo da narrativa, Gustavo não menciona nomes de países, de estados, cidades ou ruas... a história não é ambientada em lugar nenhum, mas mesmo assim ela está acontecendo e eu achei isso muito legal.

Os personagens principais são muito bem construídos! William me assustou muito mais do que David. As escolhas que ele fazia e muitas coisas que ele falava me incomodavam muito mais do que os próprios assassinatos. Sobre Artur eu nem vou comentar, pois gostei tanto dele que eu nem sei o que falar direito, faz sentido? 😛

Gente, eu não farei nenhuma ressalva sobre o livro porque eu simplesmente não tenho nenhuma ressalva para fazer! O livro tem alguns errinhos de revisão, mas sabe quando você é tão arrebatado por uma leitura que nem presta atenção nas falhas que o livro tem... quando você fica aproveitando cada pedacinho da história fantástica que tem em suas mãos? Pois bem, foi isso que aconteceu!

O Gustavo Ávila é um autor independente. A publicidade do livro dele foi feita, acredito eu, quase completamente através de Instabooks e Booktubers, e ele conseguiu a proeza de vender TODOS os exemplares físicos do livro. Vocês têm ideia do quanto é difícil para um autor independente conseguir tal feito? Eu não posso fazer mais nada além de recomendar o livro para vocês! Vocês precisam conhecer essa história! AQUI vocês podem ler os três primeiros capítulos do livro.

Eu demorei tanto pra escrever essa resenha porque simplesmente não me achava capaz de transmitir toda a genialidade dessa história para vocês, e para falar a verdade ainda não me sinto. O Sorriso da Hiena é um livro que levanta muitas questões morais. Nos faz pensar em muitas coisas e nos deixa órfãos quando acaba.

Só sei que de agora em diante lerei tudo que o Gustavo escrever – e eu espero que ele escreva muita coisa

Observação: Conteúdo postado quando a plataforma do blog ainda era WordPress. Com a mudança, todos os comentários foram perdidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tami Marins

Carioca e leonina, acha que nasceu na época errada. Lê desde que se entende por gente e é viciada em séries e em café. Escuta sempre as mesmas músicas, assiste sempre aos mesmos filmes e sonha escrever seu próprio livro.

Meta de leitura

2021 Reading Challenge

2021 Reading Challenge
Tamires has read 32 books toward her goal of 100 books.
hide

Buscando algo?

Instagram

Seguidores

Facebook


Lançamentos

Destaque

Resenha | Layla - Colleen Hoover

Arquivos

Mais lidos

Editoras parceiras

Eu participo!

Compre na Amazon

Meu Epílogo
<a href='https://www.meuepilogo.com/' title='Meu Epílogo'><img src='https://1.bp.blogspot.com/-xNUSD96vAUU/YVb0vkp-eJI/AAAAAAAA1_o/XS_Lbq86YRMimTG4vvdYpkdLE7EkW03DQCLcBGAsYHQ/s16000/banner_linkme.png' alt='Meu Epílogo' width="150" height="70"></a>
Tecnologia do Blogger.

Direitos Autorais

Licença Creative Commons
Este blog está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Plágio é crime! Não copie, crie.