21 de julho de 2016

Resenha | Casas Esquecidas - Lucas Alencar


Livro cedido em parceria com o autor

Autor: Lucas Alencar

Número de páginas: 170

Ano: 2016

Publicação independente

Skoob: AQUI

Sinopse: Aos vinte e cinco anos, Diego perde o emprego de repórter em um importante jornal e se vê sem perspectivas. Antes que possa mergulhar numa crise existencial, recebe uma proposta da agente literária Larissa: passar alguns meses investigando a vida e o caso de amor de um maquinista assassinado há sete décadas, em Ponta de Areia, distrito baiano que era o ponto final da Estrada de Ferro Bahia-Minas, com o objetivo de escrever o material base para o novo romance de uma escritora de best-sellers. Em meio a tudo isso, o rapaz se esforça para compreender o próprio íntimo turbulento e para digerir o relacionamento recém-fracassado com Amanda, primeiro amor desde que abandonou o interior de São Paulo para morar na capital.


 

 Não fique perto de quem faz você se sentir difícil de ser amado.

Diego é um jovem jornalista de vinte e cinco anos que acaba de perder seu emprego ao defender Amanda, sua colega de trabalho - e ex-namorada - de comentários machistas proferidos por um dos editores do Gazeta de São Paulo, jornal para o qual trabalhavam. Devido a uma certa mania que carrega desde os dez anos de idade, Diego grava a reunião com um gravador e publica o assédio moral em todos os lugares possíveis e imagináveis na internet, e é assim que Amanda e ele conseguem ganhar uma bolada em um acordo com o jornal.

Com o dinheiro que ganhou, Diego poderia viver tranquilamente por algum tempo, mas ele vinha enfrentando um momento complicado em sua vida, onde nada parecia fazer sentido ou valer a pena, ainda mais depois do término de seu relacionamento. E é nesse momento que Larissa aparece em sua vida. Ela é uma agente literária que trabalha para uma autora alemã chamada Claire Holland, que tem o costume de contratar contistas para resumirem a essência e os costumes de lugares sobre os quais ela gostaria de escrever. A proposta de Larissa é levá-lo para Ponta de Areia, um distrito do município de Caravelas, situado no Sul da Bahia, a fim de investigar o brutal assassinato de um um dos maquinistas da Estrada de Ferro Bahia-Minas, que ocorreu há setenta anos, mas que nunca foi solucionado. Diego aceita a missão e embarca junto com Larissa rumo ao desconhecido.

Tem uma coisa nos jogos de videogame que se chama checkpoint. É um ponto em que o avanço do jogo é salvo automaticamente, antevendo uma parte muito difícil ou desafiadora para o jogador. Assim, caso ele falhe e o personagem morra, pode tentar de novo, como se voltasse no tempo. Naquele momento, eu pensava que isso poderia ser bem útil na vida real.

Chegando lá, eles começam a sondar a história, mas os moradores do pacato distrito não parecem muito propensos a relembrar o ocorrido. Em meio a essa busca, Diego vai relembrar histórias de seu passado, vai se envolver com Larissa, esse ponto de interrogação em forma de pessoa, mesmo ainda estando apaixonado por Amanda, e vai vislumbrar inúmeras possibilidades que servirão como peças de um quebra-cabeça. Quebra-cabeça este que irá montar o rumo que ele terá que seguir não só para desvendar o mistério que assola Ponta de Areia, mas também para encontrar o seu verdadeiro eu.

Todavia a triste verdade é que a maior parte da vida é esquecida no instante em que está acontecendo. Sem esperança de sucesso, até podemos tentar nos agarrar às bordas dos fiapos que deveriam se tornar memórias, mas que se perdem na névoa da vida ordinária.
••••••••••

Casas Esquecidas foi uma leitura deliciosa e o livro entrou pra lista dos meus favoritos! Na minha síntese da história vocês puderam perceber que não fui muito além daquilo que a sinopse já nos revela, não tem como! É um livro de apenas cento e setenta páginas, qualquer coisa a mais que eu revele pode comprometer a experiência de vocês com a leitura, pois nesse livro tudo é importante, tudo se conecta.

Cada parágrafo nos enche de poesia e de metáforas, nas quais mergulhamos de maneira surpreendente e tocante. O autor cita diversos autores aclamados, diversos clássicos da literatura, músicas com letras que trazem significados importantes para Diego, filmes com histórias complexas e profundas, enfim, Casas Esquecidas, além de ter uma ótima história por si só, ainda nos presenteia com referências da mais alta qualidade!

Diego é um personagem muito interessante, pois possui diversas nuances e está buscando seu lugar ao sol. A sinopse diz que ele recebe a proposta de Larissa antes de entrar em uma crise existencial, mas pelo que pude perceber e absorver da história, ele já estava mergulhado nessa crise há um bom tempo. Acho que todos nós, jovens de vinte e poucos anos, já enfrentamos ou estamos enfrentando uma crise parecida, por isso gostei tanto dele. Larissa, por sua vez, é uma incógnita. Ela entra na história sendo um ponto de interrogação e sai dela sendo dois. Decifra-me ou devoro-te, disse a esfinge a Édipo... bem que essa frase poderia ter sido dita por Larissa!

E Amanda? Amanda é importante para história, pois é como se ela fosse a Terra e Diego fosse a Lua. Sendo Diego a Lua, ele controla as marés, mas às vezes a Terra não está preparada para mudanças tão significativas... e Amanda não estava preparada para Diego. Pelo menos não para o antigo Diego, aquele que estava perdido em sua própria existência.

E a essa altura vocês devem estar se perguntando sobre a investigação... esqueçam a investigação! Sim, isso mesmo que vocês leram. Casas Esquecidas não é uma trama policial, não mesmo. A investigação é o ponto de partida da história e é responsável por ter levado Diego ao encontro do autoconhecimento, mas sua importância acaba aí. O mistério é desvendado? Sim, então não se preocupem! 😉

O livro é narrado em primeira pessoa por Diego e a narrativa alterna-se entre passado e presente. O Lucas tem um jeito muito intimista de escrever, é quase como ler um diário, sabe? Em dado momento cheguei a pensar que ele estava contando experiências próprias, tamanha era a fluidez de suas palavras. A capa é lindíssima, tem tudo a ver com a história e a diagramação é simples, porém confortável. Ao me enviar o exemplar, o Lucas explicou que o mesmo não era a edição final do livro e que ele poderia conter alguns erros de revisão, o que, de fato, ele contém, mas não é nada grave ou que atrapalhe o progresso da leitura, e com certeza isso foi corrigido.

Uma outra coisa que me tocou bastante e que não tem nada a ver com a história propriamente dita, foi um dos agradecimentos do autor ao final do livro:

“Ao meu pai, in memoriam, por recolher meus centavos, fingir que era dinheiro suficiente e voltar para casa com livros.”

Pai do Lucas, eu não sei seu nome, não te conheci, mas tenho certeza que você foi um grande homem, e saiba que esses pequenos gestos valeram - e muito - a pena!

♥ ♥ ♥

A esta altura do campeonato vocês já devem saber que eu não falo bem de um livro apenas porque é de um parceiro meu. Basta procurar ali na busca por “parceria” para ler as resenhas e ver que, quando não gosto de algo, eu falo mesmo, pois o que está em jogo aqui é a minha credibilidade com vocês. E é de coração que eu falo que eu não achei nada de ruim nesse livro, para mim ele funcionou maravilhosamente bem! E estou aqui, de coração aberto, pedindo para que vocês leiam esse livro. Leiam Casas Esquecidas, vocês com certeza nunca leram nada parecido.

Eu precisava desesperadamente cair de cabeça na maré e esperar que minha alma indicasse o caminho, instigando-me a recomeçar a sonhar e a nadar tão rápido que eu não conseguiria distinguir o que era sonho e o que era o mundo real. Afinal, todos somos duas pessoas em uma só, separadas pelo oceano do tempo, uma ansiando por dizer tudo o que viu, a outra, em êxtase, morrendo de vontade de dizer o que tudo significou.
Observação: Conteúdo postado quando a plataforma do blog ainda era WordPress. Com a mudança, todos os comentários foram perdidos.

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Tami Marins

Carioca e leonina, acha que nasceu na época errada. Lê desde que se entende por gente e é viciada em séries e em café. Escuta sempre as mesmas músicas, assiste sempre aos mesmos filmes e sonha escrever seu próprio livro.

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